terça-feira, 8 de setembro de 2009

Um Poeta chamado Geraldinho Carneiro


Em setembro de 2007 numa das minhas idas a terapeuta Dra. Sara , estava com bastante folga de horario. Me deu vontade de ir na Livraria da Travessa que fica em Ipanema e já estava decidido a comprar um livro do Geraldinho Carneiro. Dos livros que o vendedor mostrou ja tinha ouvido falar no " Balada do Impostor" seu ultimo livro editado. Comecei a ler os poemas ainda na livraria, quando cheguei no consultorio consegui terminar o livro de 96 páginas com uma voracidade de um esfomeado, na mesma hora veio a idéia de traduzir naquele momento , ao estilo de Bashô, de fazer um poema só que em quatro linhas:

IMPRESSÃO

Li todo o livro
de papel reciclado
metáforas invadiram sem piedade
agora deito e me calo.

Mas a minha grande alegria foi conhecer o Geraldinho Carneiro no Poesia Simplesmente quando foi fazer uma palestra. Ai pude dizer dois poemas que fiz em sua homenagem e ter recebido um autógrafo do poeta.

Como decifrar esse poeta, de uma escrita como diz no inicio do seu poema" bazar de espantos" : eu não tenho palavras , exceto duas , ai eu digo antropofágico poeta.
Um velho amigo uma vez me disse quando comecei a ouvir musicas eruditas, ( gostava muito das valsas de Strauss ), - escute Wagner e vai perceber a grande diferença, de uma sonoridade que não tem um efeito sonoro de envolvimento muito rápido. Eu acho que a poesia de Geraldinho Carneiro é um pouco da obra Wagneriana, como Tristão e Isolda que inicia com pequenos acordes e vai aos poucos envolvendo a pessoa.

Balada do Impostor

sou um impostor, um dia saberão
que simulei tudo o que sempre fui
sou uma ficção, meu sangue é só linguagem
meu sopro é uma explosão que vem de dentro
em forma de palavra.
quando já não for mais, serei eu mesmo.
enquanto tardo, trapaceio contra o tempo
a máquina que vai me devorando
invento meus adventos e meus ventos
e vou passando como tudo passa
em busca de uma graça que ultrapasse
o círculo da minha circunstância
o espelho que não seja senão o outro
esse que me habita e que me espreita
e, não sendo eu, me acata os meus espantos.



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