quarta-feira, 15 de julho de 2009

INCLUSÃO SOCIAL ?

















Cineasta Alberto Salva e a Favela da Rocinha no Rio de Janeiro


Embora no passado já tenha filmado em comunidades (chamadas erroneamente às vezes de favelas) durante meses, e morado bem perto de algumas, estou tendo uma experiência forte agora dando aula na Rocinha, Morro da Providência e Macacos.
Nesta imersão em uma outra cultura não há como não deixar de ver as coisas sob o mesmo ponto de vista das pessoas que vivem nestas comunidades. Frases como: "O Estado ou o Município não vem aqui resolver nossos problemas. É o trâfego que ajuda a tia, a pessoa doente ou a alguém que passa fome." Os programas sociais são permeados ou mesmo geridos por esse tráfico".
Mas, o que é que isso tem a ver com cinema? Explico.
Todo mundo vê os filmes em cartaz lá. E filmes que às vezes nem entraram em cartaz ainda. Como? Ora, DVD pirata.
DVD pirata tira dinheiro da indústria e consequentemente empregos. O DVD pirata, explorado pela milícia, fortalece esse polvo mafioso. Isso é ruim.
Mas vejamos: O morador de comunidade é pobre. Ele não tem dinheiro para ir ao cinema, com preços abusivos para pessoas de baixa renda. Não há cinemas populares ao alcance do seu bolso. Foram todos extintos. Eles também não tem condição de alugar em lojas de vídeo. O preço cobrado para o dono da loja é suficientemente alto para que ele possa cobrar realmente o preço que estas pessoas possam pagar.
As pessoas de baixa renda poderiam ver esses filmes meses depois do lançamento, pela Net, mas até a "Gatonet" está em volta dos 40 reais para quem quiser instalá-la. Então, o sujeito passa perto de um vendedor de DVD pirata e por 10 reais leva 3 DVDs. Toda a família se locupleta e os DVDs podem ainda seguir caminho para amigos ou parentes. Isso, se o usuário não resolver fazer coleção, um dos poucos luxos que uma pessoa pobre pode ter.
Pois é, sabem como é que chama isso?: Inclusão Social. Quem diria, né?
Alberto Salvá
albertosalva@hotmail.com

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