sábado, 11 de julho de 2009

A ESCOLA DO CINEMA



O escritor David Gilmour deixou seu filho largar os estudos quando ele tinha 15 anos.Com uma condição ver os filmes que o pai escolhesse. Foi de fato um aprendizado - para ambos.

Esse excelente texto da colunista de cinema da Revista Veja Isabela Boscov nos brinda na Edição 2120 de 08 de Junho de 2009.


Quando seu filho Jesse tinha 15 anos, o escritor canadense David Gilmour fez o que poucos pais arriscariam fazer: em face da infelicidade do menino com a vida escolar,permitiu que ele deixasse os estudos. Mas impôs uma condição. Toada semana, Jesse deveria assistir a três filmes que seu pai escolhesse. Os incompreendidos, de François Truffaut, inaugurou a seleção. A juventude do cineasta havia sido árdua: mal-amado pelos pais, ele fora delinquente ate encontrar no cinema, primeiro como crítico e depois como diretor, uma vocação.
Na última cena de Os Incompreendidos, seu protagonista - e alter ego - foge do reformatório, vaga até uma praia deserta e então olha para a câmera, que congela a imagem. Jesse não chegou a vibrar ( Instinto Selvagem, mostrando a seguir, desespertou mais entusiasmo), mas gostou o suficiente para o pai cutucá-lo: o que significava aquele desfecho?
Os Incompreedidos , porem, além de ser um grande filme, deu a Jesse uma imagem de sua confusão e uma deixa para desabafar. Episódios como esse são o fio condutor de O Clube do Filme ( Intrínseca; tradução de Luciano Trigo; 240 páginas; 24,90 reais), sobre os três anos de cinefilia compartilhados por pai e filho ( que entre 3 e 10 de Agosto, visitam o Brasil a convite da sua editora).
.O relato do livro evoca não apenas as dores por que passam pais e filhos, mas também aquele fenómeno meio mágico que as vezes se dá numa sala escura, diante de uma tela: uma descoberta e uma comunhão que, exatamente por prescindirem de palavras,ultrapassam o que se pode dizer.
Trocar a instrução formal pelo cinema foi uma proposta surgida do desespero.Gilmour a adotou porque o ódio à escola estava envenenando o filho e porque ver filmes lhe pareceu ser o meio mais seguro para garantir que eles tivessem uma proximidade franca e frutífera.



Esse texto de Isabel Boscov nos mostra a importância da cultura que esta de uma forma tão misturada a educação que as vezes não da para discernir o que é uma coisa e outra.
Jesse deve ter visto 432 filmes que foram indicados pelo pai sem nenhuma escolha rigorosa, nessa lista consta filmes bons e ruins, célebres ou obscuros, recentes ou antigos, americanos ou de outras nacionalidades e que eram indicados as vezes conforme o humor de Jesse.
Esse livro " O Clube do Filme " de Gilmour é um belo protótipo que a Educação pode se transformar ou melhor assimilar de uma forma mais incisiva em adotar novos métodos calcados na Cultura. Na parte do texto que diz: " O Clube do Livro é um grande lembrete: os filmes, sejam eles bons ou ruins, representam o acumulo da experiência humana da mesma forma que a literatura, a história ou a filosofia " , aproveitando a deixa retiro da velha prateleira da Cinemateca os filmes e principalmente o texto do inesquecível Paulo Emílio Sales Gomes que há muito tempo já dizia " qualquer filme brasileiro é mais importante do que qualquer filme estrangeiro " simplesmente pelo fato do filme brasileiro mesmo sendo ruim ( as vezes) aborda sempre a nossa cultura.
Agora só falta comprar o livro e entender o motivo de estar há três semanas entre os livros mais vendidos de Veja e aguardar um bela adaptação cinematográfica, porque segundo Godard no filme " O Pequeno Soldado " diz a famosa frase : " O cinema é a verdade a 24 quadros por segundo".

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