segunda-feira, 17 de agosto de 2009

15 anos sem Drummond

Dia 17 de Agosto de 1994, nos deixava o grande poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, mas com toda certeza continuaria a fazer poemas, contos , crônicas e ensaios em outros lugares imperceptíveis para nós mortais.Como é prazeroso falar desse poeta de Itabira, e no ensejo gostaria de corrigir Noel Rosa, no seu samba que dizia...São Paulo da café , Minas da leite e a Vila Isabel da samba, desculpe Noel mas Minas produz também poesia da mais pura linhagem desde 1930 data do primeiro livro de Drummond - Algumas Poesias. Hoje dia 17 de Agosto de 2009 o Grupo Simplesmente Poesia ( Rio de Janeiro), que frequentava as segundas à noite deve estar homenageando o Poeta Mineiro. Não é favor mas uma obrigação, não só do Simplesmente Poesia mas de todos os grupos no Brasil tem um dever de lembrar e relembrar os poemas que o mestre escreveu. Eu tento traduzir o poeta da seguinte forma: uma poesia "simples" de uma complexidade avassaladora sem preocupação com rimas. Gosto muito do poema de Sete faces do livro Alguma poesia.

POEMA DE SETE FACES

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
se não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabia que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu chamasse Raimundo
seria rima, não seria solução
Mundo mundo vasto mundo
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te falar
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

Carlos Drummond de Andrade

Fiz dois poemas inspirados no seu grande poema No meio do caminho.

DE VOLTA AO CAMINHO

No meio do caminho tinha pedra
no meio do caminho tinha cimento
no meio do caminho tinha poça d'água
no meio do caminho tinha parede
discreta, correta,concreta
no fim do caminho tinha The End.

RUA DIFERENTE

No meio da rua tinha um paralelepípedo
no meio da rua tinha um
no meio da rua
no meio da
no meio
no.

Reinaldo Cozer




2 comentários:

  1. Parabenizo pela lembrança e agradeço como admiradora eterna do grande poeta.
    Transcendente, certamente, transcendendo em outros espaços, metaforizando, ironizando, embelezando, outros lugares, está o nosso Drummond.
    Abraços

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  2. Oi Lice
    Obrigado, mas tem poetas que nao podemos deixar de homenagear, Drummond é um deles.
    Abraços

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