quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A Máquina de abraçar - Teatro



A peça 'A máquina de abraçar' questiona isolamento humano


A peça se baseia no relato de uma autista concedido durante uma entrevista ao famoso neurologista e escritor Oliver Sacks, retirada do livro Um antropólogo em Marte

Luiz Felipe Reis, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - Desde a década de 90, a dramaturgia do espanhol José Sanchis Sinisterra, 69, tornou-se essencialmente familiar ao teatro brasileiro. Admirado por diretores como Aderbal Freire-Filho – responsável por Ay, Carmela (1993) – e Christiane Jatahy, recordista em montagens do autor – Ñaque, de piolhos e atores (1991); Perdida nos Apalaches (1997), dirigida pelo próprio; A falta que nos move ou todas as histórias são ficção (2005) e Leitor por horas (2006) – Sinisterra volta à cidade para acompanhar a estreia de um novo rebento: o texto inédito A máquina de abraçar, que marca a primeira direção da atriz Malu Galli e inaugura o galpão do Espaço Tom Jobim, a partir de quinta-feira.

O novo texto aborda a relação entre uma autista (que criou para si a tal máquina) e sua terapeuta, vividas pelas atrizes Mariana Lima e Marina Vianna. Como resposta à guarida caliente que seus textos recebem no país, Sinisterra reage com humor, faz pouco caso da qualidade e acentua “facilidades de produção”.

– É um orgulho e um fato que me surpreende ter tantos textos encenados – revela Sinisterra. – Externamente à essa questão da “qualidade”, só posso pensar que tenho bons amigos no Brasil e que minhas obras não são de produção cara. Brincadeiras à parte, às vezes, penso que estou cumprindo minha ambição de ser um autor ibero-americano, mais até que europeu. Sempre me surpreende a inventividade, a atração pelo risco, a ousadia e a extraordinária fluidez orgânica dos atores e atrizes brasileiros e latinos. Sei que as condições materiais não são fáceis no Brasil, mas isso parece incentivar a criatividade.

Intercâmbio assimétrico
A despeito da boa receptividade, Sinisterra considera o intercâmbio entre as produções teatrais brasileiras e espanholas “vergonhosamente assimétrico”. Revela que, em geral, o teatro espanhol ignora todo o teatro latino-americano, salvo exceções à dramaturgia argentina. Em relação ao Brasil, a dupla desculpa recai sobre a distância e diferença idiomática.

– Com o Brasil essa ignorância se agrava. Por exemplo, não tenho notícias de nenhuma montagem profissional de Nelson Rodrigues, isso para não falar de autores vivos – lamenta. – De fato, tenho um projeto com Aderbal Freire-Filho, há muitos anos, para diminuir esta assimetria.

A máquina de abraçar se baseia no relato de uma autista concedido durante uma entrevista ao famoso neurologista e escritor Oliver Sacks, retirada do livro Um antropólogo em Marte. Mais do que utilizar o autismo como ferramenta para investigar a dificuldade em estabelecer contatos e a a impossibilidade da comunicação entre humanos, o dramaturgo se interessa pelo distúrbio como “expressão de uma parte inacessível da consciência humana”.

– Os autistas são casos extremos de uma característica comum que temos. O outro é inacessível para mim. Talvez por isso seja tão difícil encontrar uma simetria na afetividade – elabora Sinisterra. – Todos nós necessitamos de uma máquina de abraçar. Mas a obra questiona também modos opostos de se viver: o ativismo e a passividade, a combatividade e a contemplação, além do pensamento racional e o conhecimento poético.

Sinisterra conheceu a atriz, e agora diretora Malu Galli, à época em que o monólogo Diálogos com Molly Bloom esteve em cartaz, em 2007. Após dirigi-la, o dramaturgo então ofereceu um texto que acabara de escrever. Pensava que Malu poderia interpretar a protagonista. Com o presente em mãos, Malu teve imediatamente vontade de dirigi-lo.
– Continuo pensando o ator e a interpretação, só que inverti a posição de câmera – diz Malu.

Sinisterra aprovou a surpresa:
– Devo dizer que ofereci o texto a Malu, pensando nela como atriz - recorda o diretor. – Mas não é frequente encontrar atores com a combinação de inteligência e sensibilidade que ela possui. Além disso, me interessou o que eu chamaria de sua expressividade translúcida. Às vezes luminosa e misteriosa.

Poucos elementos cênicos
Em A máquina de abraçar, Sinisterra propõe uma situação dramática e proposta cênica simples e peculiar de seu trabalho: duas mulheres, a terapeuta e sua paciente, conversam entre si e para a plateia.
– Em geral, tendo ao que chamo de uma teatralidade menor. Como abordar grandes temas com o mínimo de elementos dramáticos e cênicos? “Less is more” me parece uma boa fórmula artística. E um desafio interessante, sem falar das questões financeiras de produção.

Além de tratar da incomunicabilidade, A máquina... estimula o questionamento de pilares da sociedade, como a linguagem, a política, a ciência, a espiritualidade e a natureza. Juntos, compõem seu atual objeto de investigação.
– Uma grande pergunta para mim é como ser comum hoje em dia. E o teatro me ajuda a propor estas perguntas. Do ponto de vista temático, me preocupa a progressiva anestesia do ser humano diante do horror e da dor. E por último, a religião como doença quem sabe incurável da espécie humana, causa de inúmeros males.

Sinisterra, que já levou à cena obras de Joyce, Melville, Kafka, Cortázar e Saramago, continua a prestar tributo à literatura como fonte de inspiração para seus personagens – geralmente anti-heróis. O autor, que até há pouco alimentava o sonho de adaptar Budapeste, de Chico Buarque, agora se dedica a executar uma montagem de Clarice Lispector.
– Tenho uma grande dívida e inveja da literatura e sua liberdade – conta. – No teatro, não me interesso por heróis. Penso que cada derrota é única. Cada fracasso é excepcional.

Fonte: Jornal do Brasil

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Dia Nacional do Poeta - 20 de Outubro



Foto ( da esquerda para direita ) ; Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, Mário Quintana e Paulo Mendes Campos

"Só a antropoesia nos une" frase que coloquei no meu poema Antopofágico Manifesto dedicado ao Poeta Geraldinho Carneiro. Ah! todos os poetas estão vivos , são todos imortais com ou sem academia de letras, como diria Augusto dos Anjos," somente essa pantera foi sua companheira inseparável".  A mão que acaricia ou que bate e a mesma que escreve poesia, é a mão bem diferente que obedece o cérebro  que vai ditando  frases que vem da imaginação e  por ironia escreve palavras que viram  frases pontuadas de metáforas que nos deixam a pensar e tentar entender um texto, que naõ tem nada a ver com a objetividade linear científicista.  Na verdade a poesia não é para "entender" mas antes de tudo para sentir na pele e na alma. Vida longa aos Poetas Brasileiros!!!


Poeta escreve
do seu jeito
no pretérito mais que perfeito.

Reinaldo Cozer

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Projeto Viagem Literária

O  escritor , professor , ensaista e roteirista FLAVIO CARNEIRO realizara uma palestra ( bate-papo ), dentro do Projeto Viagem Literária parceria da Secretaria de Estado da Cultura e Prefeitura Municipal de Penápolis no dia 07 de Outubro na Biblioteca Municipal de Penápolis às 19h30, com entratada gratuita.




Flavio Carneio ja publicou onze livros, entre contos,novelas, romances e ensaios. Seu romance "A Confissão" ficou entre os finalistas do Prêmio Jabuti e do Prêmio Zaffari & Bourbon em 2007, e a novela "A distância das coisas " venceu o Prêmio Barco a Vapor , no mesmo ano. Nasceu em Goiania e mora em Teresópolis, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro.






Li os dois livros do Flavio Carneiro. O livro "Passe de Letra " antes de ler pensei ,será que  vai esquecer : João Saldanha, Nenem Prancha, Armando Nogueira e do saudoso tricolor Nelson Rodrigues a quem aprendi admirar, na antiga coluna do jornal O Globo " A sombra das chuteiras imortais ", e que de certa maneira influenciou muitos escritores brasileiros com suas expressôes poéticas divinas. O Passe de Letra não esqueceu ninguém, e adorei ler o livro que me transportou para a minha infancia e adolescencia vivida no Rio de Janeiro.
O Outro livro "Da Matriz ao Beco e Depois" é muito bom, com uma narrativa não linear, e com seus personagens ( ficcionais?) que dão um carater documental ao livro. Ah não poderia esquecer, o livro possui uma dedicatória do Flávio,adoro ler livros com dedicatórias a outras pessoas, sempre é mais um elemento a se pensar  e a enriquecer o texto.

Os dois livros encontram-se a disposição dos leitores na Biblioteca Municipal de Penápolis, é uma ótima oportunidade para conhecer o Escritor, torcedor do glorioso ,que desde os anos 80  trás ao peito uma estrela solitária.

Para maiores informações sobre o autor http://www.flaviocarneiro.com.br/

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Chuvas de Verão

Calor de verão
Até nos sufoca a alma
De repente um trovão dizendo
Que a chuva não vai ser calma.

Ecos de trovões distantes
Que faz viajar a nossa mente
Relembrando um passado
Que já se foi para sempre

Do nosso tempo de infância
Ou de um amor que se foi
O que passou já sabemos
Só não o que vem depois.


Em seguida uma brisa fresca
Que nos acaricia a face
Esperamos um novo dia
Até que a magia passe.

Paulo Castilho



O poema  foi remetido pelo Poeta de Birigui Paulo Castilho.