terça-feira, 1 de junho de 2010

                

                                 
 PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DO POSFÁCIO


Li o livro Trapo em apenas dois dias, peguei emprestado da biblioteca municipal, um livro raro de 1988 apenas segunda edição. Nunca li nada do escritor Cristóvão Tezza. O projeto Viagem Literária é sempre empolgante trazendo escritores a cidade de Penápolis para um bate papo, e, por conseguinte é um belo estopim para um público pequeno, mas fiel a literatura, permitindo a possibilidade de conhecer novos e às vezes não tão novos escritores.

Trapo caiu como uma luva, ou melhor, veio como uma deliciosa refeição de encontro a minha voraz apetite literária. O livro tem uma narrativa bem pulsante e que vai levando o leitor para caminhos surpreendentes com histórias paralelas, trazendo personagens e situações do cotidiano que me remeteram a Nelson Rodrigues (A vida como ela é). Esse romance poderia ter acontecido no Rio de Janeiro ou em qualquer grande capital ou cidade, mas Tezza descortina uma Curitiba bem londrina com nevoa fria e triste apagando um pouco o colorido da cidade.

Esse romance praticamente esta pronto para uma metamorfose, virar um roteiro de cinema, com uma variação que tem um inicio bem tranqüilo e aos poucos vai numa crescente e com um término mais “ ameno”, vamos dizer existencial que lembra os finais dos filmes de Feline e Antonioni, mas a história em si é bem Feliniana e principalmente os seus personagens onde se destacam os dois protagonistas – o Professor Manuel e Paulo Trapo.

O posfácio de Paulo Lemiski, logo que vi na capa do livro deu a impressão de que esses textos de prefácio ou orelha servem normalmente para catapultar principalmente os novos escritores. Fiquei animado de ver um poeta que admiro muito, a ponto de ter escrito poemas em homenagem, mas para minha surpresa o texto de Leminski parece não evidenciar todo o potencial do novo escritor. Comparações com Bulowski, John Fante, Trevisan ou Balzac me parece querer enfraquecer o Romance, assim como o comparando de “Literatura Pop” , uma literatura da moda ou talvez uma escrita menor, acanhada.

Trapo para o meu singelo conhecimento literário é metal-literatura não apenas metal iterara, onde Tezza começa a garimpar ouro de uma literatura urbana, contraditória, moderna e audaciosa.

È claro que há palavras elogiosas para o romance de Tezza no posfácio, mas são muito acanhadas e desconfiadas.

Cristóvão Tezza deve ter escrito esse romance a noite na cozinha da sua casa, iluminado por uma solitária lanterna de Alberto Caero, onde concomitantemente fabricava biscoitos finos para serem degustados pelos leitores em geral.

Bom apetite!

Reinaldo Cozer

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