segunda-feira, 22 de novembro de 2010

       O progresso da decadência


            TEXTO PUBLICADO NO ESTADÃO DIA- 23/11/2010


Eça de Queiróz




Arnaldo Jabor


“O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Não há princípio que não seja desmentido nem instituição que não seja escarnecida. Já não se crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas idéias aumenta a cada dia. A agiotagem explora o juro. A ignorância pesa sobre o povo como um nevoeiro. O número das escolas é dramático. A intriga política alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do País. Não é uma existência; é uma expiação. Diz-se por toda a parte: “O País está perdido!” (…) Por isso, aqui começamos a apontar o que podemos chamar de “o progresso da decadência”.”

Não fui eu quem escreveu isso. Foi José Maria de Eça de Queirós, em 1871. Esta era a introdução de As Farpas que lançou com Ramalho Ortigão, ainda em Coimbra. Tinha pouco mais de 20 anos quando começou a esculachar em panfletos a mediocridade portuguesa no século 19, que nos legou essa herança lamentável. Nada mais parecido conosco.

Esses textos de Eça, reunidos sob o título de Uma Campanha Alegre, foram justamente os primeiros que me caíram na mão. Fiquei deslumbrado com a crítica social e de costumes. Não sabia que isso existia – eu era um menino. Creio que minha vida de jornalista de TV, rádio e jornal foi remotamente influenciada por ele. E revendo sua vida na internet, lembrei que Eça de Queirós nasceu em 25 de novembro de 1845 – daqui a uma semana. Assim, resolvi escrever de novo sobre ele.

Esse homem foi a maior paixão de minha vida. Com ele aprendi tudo: minha pobre escritura, o ritmo de seu texto, a importância do humor, do sarcasmo, e muito sobre a nossa ridícula loucura ibérica. Depois, descobri um livro roído de traças na casa de meu avô: O Primo Basílio, que minha avó tentou proibir (“Isso não é para criança!…”). Li-o, claro, e minha vida mudou. Era como se toda a névoa confusa da infância, minha família difícil de entender, vagas tias, vultos, rezas, tristes salas de jantar, secos padres jesuítas, tivesse subitamente se dissipado. O mundo ficou claro, através das personagens de Eça. Ali estavam explicados os arrepios de horror diante do teatrinho pequeno-burguês do Rio. O primo Basílio chegava com sua vaidade brutal e encarnava os cafajestes brasileiros, o padre Amaro me decifrava a tristeza sexual das clausuras do Colégio Jesuíta, o Conselheiro Acácio era a burrice solene de professores e políticos, Damaso Salcêde espelhava centenas de mediocridades gorduchas, Gonçalo Ramirez era o frágil caráter de hesitantes como eu. E vinha Thomaz de Alencar com sua literatice melancólica, vinha o banqueiro Cohen, esperto e corno, flutuava no ar o cheiro enjoado da Titi Patrocínio da Relíquia e, claro, as coxas de Adélia, sem falar no supremo frisson do famoso “minette” do primo Basílio na “Bovary” Luiza (razão básica da proibição alarmada de minha avó). E não só o desfile dos medíocres, mas as fileiras dos heróis ecianos: Carlos da Maia, João da Ega, Jacintho de Tormes, Fradique Mendes – cultos, elegantes, ricos, irônicos e corrosivos. Eça me dava à alma viva do século 19, atacando a estupidez endêmica, os sebastianistas de secretaria, os burocratas pulhas, os melancólicos de charutaria, os políticos demagogos, a burrice épica de um Pacheco ou do Conde de Abranhos – que fartura! Era uma sociologia ficcional de nosso destino de fracassados.

Eu o amava tanto que – acreditem – me postava na porta do colégio na hora da saída, para ver passar um homenzinho da vizinhança ali de Botafogo que era um sósia de Eça. Quem seria? Um bancário, um contador, quem? Tinha o rosto enfezado por um fígado ruim (como o Eça) que lhe franzia a boca num escárnio risonho. Tinha a mesma pastinha de cabelo sobre a testa curta, o olho rútilo, o mesmo bigode, o gogozinho de pássaro, os braços de cegonha, a palidez biliosa. Só lhe faltava o monóculo cravado no olho irônico. Vê-lo passar me encantava como diante de um ressuscitado. Em vez de correr atrás de meninas, eu fazia isso. Pode?

Até hoje, quando vejo a TV Câmara ou TV Senado, aquelas ricas jazidas de imbecilidades, vendo as caras, frases e gravatas, eu ainda penso: “Será que esses caras aí nunca leram Eça de Queirós?” Não. Nada. Eles navegam intocados em sua vaidade estúpida, em sua impávida ratonice.

Entre Machado de Assis e Eça de Queiroz sempre preferi o português ao nosso grande mulato. “Ah… porque o Machado é bem mais sutil!…” – diz-se, comparando-se, por exemplo, Capitu à Luiza do Primo Basílio (que o próprio Machado, ciumento, acusou de plágio da Eugenie Grandet). “Ahhh!… porque o Machado tem mais níveis de significação, mais complexidade psicológica, etc. e tal…” É verdade. Também acho. O grande Machado atingiu subtons que Eça nem tentou, por escolha. Machado é mais inglês; Eça é saído das costelas de Flaubert, Balzac e Zola e funda uma literatura caricatural contra as perdidas ilusões ibéricas, com um riso deslavado, com uma proposital “falta de sutileza” que resulta depois finíssima. Eça cria um realismo quase carnavalizado, sem anseios de transcendência. Machado é mais “nauseado”. Deixa-se envolver por um pessimismo que o claro riso de Eça recusa. É verdade que as personagens de Eça não são tão “livres” quanto em Machado. O “tipo” eciano não tem grande “complexidade”; mas isso talvez seja o que nossa mediocridade social merece. Ele não cria personagens com uma psicologia sofisticada. Para ele, somos mesmo “tipos”. Como em seu neto Nelson Rodrigues, há nele uma superficialidade “profunda”, muito atual neste tempo em que os valores idealizados caíram no chão. Eça é um escritor político. Ele nos exibe o ridículo das figuras que se consideram nossos “timoneiros” do alto de sua gravidade falsa, com seus interesses mesquinhos no bolso dos jaquetões.

                              

domingo, 21 de novembro de 2010


        Reinaldo Azevedo responde em  azul
      Luis Schwarcz  texto em vermelho

21/11/2010

às 7:09
Devolve o Jabuti, meu guri! Ou: Oba! Luiz Schwarcz quer brincar

Ai, ai, queridos! São tantas as urgências do país que um Prêmio Jabuti não vale um cágado. Mas, às vezes, é preciso entrar na briga. Então entro.
Conforme prometi ontem, farei um vermelho-e-azul com Luiz Schwarcz o dono da Cia. das Letras e de mais um monte de livres-pensadores que dão plantão em cadernos de cultura, para os quais o que ele diz é lei. Ele está muito bravo — inclusive com este escriba — e resolveu convocar as “forças progressistas” para auxiliá-lo, embora acuse os outros de fazer política. Um método muito típico. O rapaz está infeliz com a petição “Chico, devolve o Jabuti”, que ganhou mais de 500 adesões só ontem, a partir do começo da noite. Já são quase 6.500 os signatários. Para assinar e divulgar, clique aqui. Como vocês sabem, não foi uma iniciativa minha. Fui o terceiro signatário da petição, cujo endereço eletrônico me foi enviado por um leitor. Assinei e publiquei o link. Milhares de pessoas acharam a causa justa. O editor escreve um artigo no caderno Ilustríssima, na Folha deste domingo. Tropeça várias vezes: na tese, no mérito e até no subjuntivo — pelo visto, o artigo não foi enviado a tempo a um dos revisores de sua empresa. Vamos lá. Ele segue em vermelho. Eu vou de azul.

Quem garfou Edney Silvestre?


Não sei se o título é dele ou do editor. Mas está lá. Respondo: quem garfou Edney Silvestre foi o júri do Prêmio Jabuti. Aliás, no meu primeiro texto a respeito, não pedi o prêmio para Silvestre. Escrevi que o “O Livro do Ano de Ficção” tinha de ser o primeiro colocado em uma das subcategorias que compõem a categoria “Ficção”. Silvestre foi um fos garfados — e qualquer um será “garfado” sempre que Chico derramar leite no Jabuti.


NA SEMANA PASSADA, o mercado editorial brasileiro foi brindado com uma nota do Grupo Record comunicando sua retirada das próximas edições do Prêmio Jabuti. O comunicado foi seguido de ampla cobertura no site da revista “Veja”, especialmente no blog de Reinaldo Azevedo, autor publicado pela Record.

Começo pelo fim do parágrafo. Schwarcz pretende emprestar certo tom de denúncia ao fato de eu ser um autor publicado pela Record. Uau! Deixem-me ver se entendi a tese: porque sou um dos milhares de autores da Record, não posso criticar a OUTORGA do prêmio a Chico Buarque, mas ele, porque é “o” dono da Cia. das Letras, que publica Chico, pode defendê-la? Onde esse moço estudou lógica?
Schwarcz é casado com uma professora de história, mas é ruim na reconstituição do tempo. O cerimônia de premiação ocorreu na noite de quarta-feira, dia 4. Na quinta, 5, eu escrevi dois textos a respeito: às 17h, O PRÊMIO JABUTI E OS ASQUEROSOS 1 - O jornalismo na fase “Alemanha Oriental” no dia em que o Prêmio Jabuti se transforma num espetáculo de vigarice política. Às 17h19, outro: O PRÊMIO JABUTI E OS ASQUEROSOS 2 - Os detalhes de uma fraude. Ou: “Dil-má/ Dil-má”. No dia seguinte, 6, mais um: “A Bolsa Jabuti” para a ficcionista Maria Rita Kehl, a heroína de Itararé da esquerda descolada. A Record só tornou público seu rompimento com o prêmio no dia 11: A carta do Grupo Record que denuncia que os jabutis estão em cima das árvores. Portanto, o “blog do Reinaldo Azevedo” já havia tratado do assunto uma semana antes de a Record tomar a sua decisão. Schwarcz é um daqueles que não acreditam que faço a minha própria pauta. Sigamos.


Em entrevista à Ilustríssima, publicada no domingo passado, o presidente do grupo, Sérgio Machado, e a editora Luciana Villas Boas fazem coro com Azevedo, tentando desqualificar o escritor Chico Buarque, para assim contestar sua premiação, além de sugerir favorecimento ao autor e à editora por motivos políticos de diversas naturezas. Para terminar, o editor carioca subscreveu e transmitiu um abaixo-assinado, divulgado no blog de Azevedo, pedindo que Chico Buarque devolvesse o prêmio.

“Fazer coro” sugere uma espécie de conspiração, como se as críticas não tivessem sido públicas. As minhas não poderiam ser mais escancaradas, como provam os links. O próprio Schwarcz alude à entrevista de Machado. Expressou-se com clareza — a mesma empregada na carta em que rompe com a chicana em que se transformou o Jabuti. Eu nem sabia que o diretor da Record havia assinado a petição. Sendo verdade, louvo-lhe a coragem.
Bem, eu não desqualifiquei o sambista Chico Buarque coisa nenhuma! É mentira! Afirmei que seus romances são ruins e expus aqui os meus motivos (Querem que eu fale a sério sobre o Jabuti do sambista Chico Buarque? Pois não! Então vamos lá!). Nada mais fiz do que tornar público o que andam suspirando pelas alcovas e sussurrando em versos e trovas: Chico escreveu quatro romances: Estorvo, Benjamin, Budapeste e Leite Derramado. Só o segundo não levou o Jabuti. Muita gente se pergunta o que ele terá, afinal, feito de certo nesse romance… O mais laureado “romancista” brasileiro, vejam que espetáculo, cresce num enorme deserto crítico. Schwarcz precisa logo alugar alguma pena robusta da academia que aceite o desafio de explicar por que a tal “prosa poética” (!?) do Lírico da Banda faz dele um grande romancista. É preciso que algum figurão do complexo PUCUSP evidencie a riqueza da carpintaria chicana, o seu rigor na construção de personagens, a sua habilidade em enredar o leitor numa história. Não é possível que o mais importante romancista contemporâneo brasileiro, a julgar pela jabutizada, se faça só no silêncio cúmplice de quem não quer arrumar briga com um sambista progressista e com Schwarcz, o Chico Buarque dos editores. Aliás, vai aqui uma sugestão ao editor: publique um volume só de ensaios dos “expertos” (com “x” mesmo!) sobre a obra chicana. Quero que esses patriotas deixem registrado o seu saber sobre obra tão notável.


Tais atitudes são quase inacreditáveis em se tratando de editores, aqueles cujo trabalho deve se fundar no respeito a autores, livreiros e leitores. Em vez de propor uma discussão sobre novos critérios para os prêmios literários no Brasil dentro das instituições que os promovem, em atitude mundialmente inédita, a Record ataca um escritor e artista publicado por outra casa, desqualificando-se prontamente para debate condigno com a responsabilidade de tornar pública a literatura.


Precisei de alguma boa-vontade para entender o trecho porque quase sou vencido pela pontuação. Mas creio ter percebido o intento. Schwarcz está convocando a solidariedade corporativa e recorrendo ao Paradigma Chicão, um lendário zagueiro que chegava para quebrar o adversário e que saía do confronto apontando o dedo para a sua vítima, denunciando-a ao juiz… Como o “adversário” apontou o jogo sujo, ele vai para a canelada: faltaria dignidade ao oponente! Que jogo limpo!

As declarações de que o Prêmio Jabuti assemelha-se a um “concurso de beleza”, ou tem motivações políticas, desviam a discussão do foco literário e cultural, e reproduzem, na área editorial, o baixo e ofensivo nível do debate político-eleitoral no Brasil.

Epa! O meu foco é absolutamente literário. Chico seria um mau romancista ainda que aquilo que faz fosse mesmo romance. E sua coleção de Jabutis foi concedida, sim, à celebridade engajada, alinhada com as ditas causas populares.

Atribuir a vitória de “Leite Derramado” à simpatia do escritor pela candidata vencedora das últimas eleições, poucos dias após a realização destas, é apenas mais um capítulo da história política brasileira recente, quando candidatos perdem a dignidade valendo-se de aspectos externos às suas convicções, ou desmerecem adversários políticos que os antecederam, mas cujas realizações possibilitaram o sucesso econômico e político do país nos últimos anos. Não discutimos propostas de governo na campanha eleitoral, assim como não discutimos os possíveis problemas dos nossos prêmios literários. Coincidência?


Eis o trecho mais revelador de seu artigo. Sem ele, eu até responderia a Schwarcz sem ter de driblar certo sentimento de desprezo. Com ele, essa desagradável sensação me é inevitável. Vamos ver. Ninguém atribuiu a “vitória” de Chico à sua declaração de voto. É mentira! O que fiz aqui foi informar que, ao receber o prêmio, a platéia gritou “Dil-má/ Dil-má”. Schwarcz nega o que ninguém afirma porque, assim, pode fugir do mérito do debate: a premiação absurda a seu autor. O editor tem medo de ser claro. Eu não tenho.
Ao falar de políticos que “desmerecem adversários políticos que os antecederam, mas cujas realizações possibilitaram o sucesso econômico e político do país nos últimos anos”, está puxando o saco de FCH e de uma ala do tucanato. Ao criticar os que se valem de “aspectos externos às suas convicções”, está fazendo uma alusão covarde a José Serra, o candidato da oposição — que era, afinal, o “outro lado” de Lula na disputa; foi com o presidente que ele disputou a eleição. Schwarcz é mesmo um rapaz esperto: ataca o candidato derrotado, ataca o presidente que está deixando o poder, mas preserva, como se vê, aquela que acaba de vencer a eleição. Muito corajoso e combativo esse moço!
O paralelo que tenta estabelecer entre a polêmica gerada pelo Jabuti surrupiado PARA Chico Buarque e a campanha eleitoral é um tolice. Mas digamos que não fosse e que sua associação de idéias devesse ser levada a sério: derrotada, a Record seria, então, José Serra, certo? Vitoriosa, a Cia. das Letras é Dilma Rousseff — que vem a ser aquela que ganhou à sombra de um presidente que nega o feito dos antecessores. É, faz sentido… Lula usou a máquina de modo desavergonhado para ganhar a eleição. E a Cia. das Letras? Para garantir o Jabuti a Chico, uso o quê? Notem que o paralelo é dele, não meu. Cuidado com as palavras, valente! São elas que lhe garantem o pão!


Edney Silvestre, que inaugura sua trajetória editorial com sucesso, é usado como pretexto para um ataque ao prêmio para o qual a editora Record se inscreveu conhecendo as regras e para o qual contribui com seu voto. Enquanto os demais prêmios são dados e selecionados por diferentes júris, esse é votado pela categoria -livreiros, editores, distribuidores- e elege o livro que mais mobilizou o mercado editorial. As regras são claras, do conhecimento de todos há décadas. (Para não escolher um autor de seu catálogo em detrimento de outros, a Companhia das Letras nunca vota no Livro do Ano do Prêmio Jabuti.)

Puro diversionismo retórico! Quantos Jabutis ganhou Paulo Coelho até agora por “mobilizar o mercado editorial”. Ah, mas tem de “mobilizar” e, ao mesmo tempo, ser considerado “alta cultura”. Huuummm… Então que se vote a categoria “Melhor Best-Seller Chique” do ano. Ou alguém duvida que haverá sempre milhares de pessoas dispostas a aceitar o leite que Chico derrama?
Schwarcz faz lambança ao pôr todo mundo no mesmo saco de gatos. Eu questionei e questiono a qualidade literária dos romances de Chico Buarque. Machado não entrou no mérito. Na entrevista concedida à Ilustríssima na semana passada, ele afirmou ter rompido com o Jabuti justamente porque não concorda com os critérios. Ocorre que o problema principal não é a regra escrita, mas a não-escrita: sempre que Chico Buarque concorrer, vai ganhar.


As declarações do escritor estreante citadas na entrevista dos editores, aludindo a roubo ou ações semelhantes, associam a imagem do bem-sucedido apresentador de TV a atitudes pouco próprias à delicadeza literária, e que, permito-me apostar, não indicam caminho seguro para o aprimoramento de seu novo ofício. Esse é o nível do nosso debate político, esse é o nível do nosso debate cultural.


Quais declarações? Silvestre não disse nada até agora. Nada! Schwarcz delira! E pretende se comportar como moleque marrento, mas um tantinho covarde, tentando agredir quem está quieto. Ele fica irritadinho quando Chico é chamado de “sambista” — o que efetivamente é. Para responder na “mesma moeda”, refere-se ao jornalista como “apresentador de TV”, categoria que, vê-se, ele considera menor. Silvestre é tão “apresentador” quanto Chico é romancista! Mas bacana mesmo é o lado conselheiro do editor: “Esse não é um caminho seguro…” Parece quase uma ameaça, não? A propósito: o que quer dizer “delicadeza literária”? Silenciar diante de um roubo?


A Companhia das Letras já apresentou críticas a vários dos prêmios literários, inclusive ao Jabuti, mas nunca se retirou ao discordar do resultado, tampouco buscou desqualificar os concorrentes. Se a cada derrota um partido político abandonar o Congresso, ou dizer “assim não brinco mais de democracia”, para onde irão nossas instituições, qual a possibilidade que teremos de discutir e criar novas regras, em atitude de respeito aos que pensam diferentemente?


Schwarcz entende de democracia o que entende do Modo Subjuntivo: nada! Um editor do seu quilate escrever “se um partido político dizer” — em vez de “disser” — expõe, ele tem razão, o ambiente intelectual miserável em que vivemos. Eu o socorro. O Congresso, uma das nossas instituições públicas, é a expressão do conjunto da população brasileira, com suas glórias e desgraças. Lá, com efeito, há de tudo. Na política, é bom destacar, nem sempre vence o melhor. E até isso é parte da riqueza do regime democrático: a legitimidade eleitoral não depende de um teste de qualidade. Os caminhos são outros — e não me alongarei sobre eles aqui porque isso requer outro texto. Nem mesmo se pode ter a garantia de que o político mais capaz é aquele que faz o melhor governo. Literatura não é, ou não deveria ser, política. Aliás, quanto mais longe ela ficar desses embates, melhor! A Record não se retirou do Jabuti para fazer a luta armada das editoras — a beligerância, diga-se, é só de Schwarcz. Retirou-se porque não concorda com os critérios. Mas vai continuar a participar ativamente da vida cultural do país. Não migrou para a clandestinidade.

A editora Record perdeu a oportunidade de iniciar uma profícua discussão sobre vários aspectos de nossos prêmios, entre eles o investimento que se faz no trabalho dos jurados, especialmente em comparação aos gastos com as cerimônias de premiação. Há prêmios que mal remuneram o trabalho de apreciação de milhares de livros. Há outros, como o Portugal Telecom, que seguem o exemplo europeu, valorizando a avaliação do mérito literário.

Huuummm… Sei de gente que participou do júri da Portugal Telecom e ficou infelicíssima com a remuneração. Mais fama do que proveito. Mas a lembrança vem bem a calhar. Procurem na Internet: o resultado desse prêmio estava guardado a sete chaves, e todo mundo já sabia o resultado: Chico havia ganhado antes de ganhar. A premiação foi antecipada na Folha, na VEJA, em todo lugar. A que vem essa cascata toda de debater remuneração de jurados etc? A questão central é outra: o Jabuti para Chico Buarque é ilegítimo.


AUTORITARISMO
Como o intuito não é o de uma discussão séria dos prêmios, avaliar se remuneramos condignamente nossos jurados não convém. Desmerecer regras, alegando favorecimento, insinuando que quem votou não sabe votar, que “o eleitor segue as celebridades”, é atitude típica da tradição autoritária, e não da defesa da meritocracia envolvida numa premiação.

Nesse ponto, o artigo do assassino de subjuntivos assume uma dimensão cômica. Qual é a “meritocracia” de uma premiação cujo resultado todos conhecem de antemão? Não, senhor! Quando Chico está na disputa, o Jabuti premia a aristocracia.


A discussão válida, se os prêmios literários devem ou não classificar mais de um vencedor -não conheço exemplo dessa natureza entre os prêmios literários internacionais mais importantes-, trazendo a competição, e não a premiação, para o cerne desses eventos, foi jogada fora pelos meus colegas. Ao invés da discussão serena das regras, Machado e Villas Boas preferem dizer que os livreiros, aliados naturais dos editores, assim como nós mesmos, não sabemos escolher os livros merecedores de um prêmio da classe.

Por que propor o debate das regras seria uma obrigação só de seus “colegas”? Por que ele próprio não o fez ou faz?. O dono da Cia. das Letras tenta claramente jogar a Record contra os livreiros. Para quem denunciou há pouco o que considera jogo sujo na política, ele se mostra um aluno exemplar da prática que denuncia.


Chico Buarque e sua obra não precisam da minha defesa; o livro em questão teve recepção crítica que é pública e vendeu mais de 180 mil exemplares. Mas o sucesso alheio para Sérgio Machado é fruto da má escolha dos livreiros e do baixo nível dos leitores. Assim sempre se fundaram no Brasil o discurso e as práticas pautadas no autoritarismo. Será assim também na República das Letras?

Imaginem se Chico e sua obra precisassem da defesa de Schwarcz… Cadê a “recepção crítica que é pública”, fora do ambiente do compadrio? Poderia ter vendido 1,8 milhão de exemplares, dez vezes mais, e isso não justificaria a premiação na forma como se deu. Nesse trecho, o moço que acusa a baixaria alheia tenta jogar a Record contra os leitores. No auge da comicidade, acusa seus adversários de “práticas pautadas pelo autoritarismo”. Ora, a Record simplesmente decidiu romper com um prêmio que não merece mais o seu respeito. Se Chico e seu editor já são os donos das batatas, por que fingir que elas ficarão com o vencedor?
Sempre que “autoritarismo” e “Chico Buarque” estão num mesmo texto, sinto o inequívoco cheiro de pelo menos 100 mil cadáveres cubanos que cometeram o crime de tentar fugir do inferno. Se Schwarcz quiser debater esse binômio, pode marcar hora e local. Eu acho que Chico não merece a distinção literária com a sua “prosa poética” que se finge de romance. Mas posso, sim, debater seu “engajamento”, já que seu editor quer um embate de natureza política. E, com efeito, tratar o sambista como uma questão política é muito mais legítimo do que tratá-lo como romancista.


Espero que não. Espero que livros continuem sendo atos de respeito a autores e leitores, e que a Câmara Brasileira do Livro só aceite discutir regras preservando a dignidade de seus membros e das editoras que inscrevem livros em seu prêmio (e que respeitam o regulamento previamente estabelecido).


Agora ele puxa o saco da Câmara Brasileira do Livro. É mesmo um profissional.


A editora Record tem direito de se orgulhar e se apresentar como o maior grupo editorial do país, mas a literatura nunca foi e nunca será o campo do “você sabe com quem está falando?”, mas, sim, o lugar do “ouve só o que eu tenho para te dizer”.


Huuummm… Agora ele exercitou outra coisa que também acho desprezível: o rancor da vítima triunfante! A Record, que foi garfada, só teria reagido porque é o maior grupo editorial do país, como se tivesse roubado essa condição de alguém e como se isso não fosse fruto da competência dos seus comandantes. Nada como mobilizar o recalque dos ressentidos!
Schwarcz é um bom propagandista de si mesmo e muito competente na arte de fazer o outro acreditar que é competente. Foi um dos editores da Brasiliense quando a editora viveu seu auge, no começo dos anos 80. O mago de algumas revoluções editoriais da casa foi Caio Graco Jr., o dono, morto em 1992 num acidente de moto. Quando saiu para fundar a Cia. das Letras (1986), Schwarcz já tinha uma legião de fãs nos jornais, certos de que algumas das conquistas de Caio eram obra de seu subordinado.
Schwarcz tem razão. Esse ambiente, às vezes, é muito parecido com a política. Surrupia-se tudo: de jabutis a biografias.
Não se esqueçam. A petição está aqui. Chico, devolve o Jabuti!


Por Reinaldo Azevedo



Edney Silvestre




Chico Buarque

quinta-feira, 11 de novembro de 2010


VIAGEM LITERÁRIA - MÓDULO NOVEMBRO 2010 .

Dia 12 novembro encerraremos o Programa Viagem Literária, em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura. No módulo V, receberemos uma Oficina de Criação Literária com o escritor e jornalista Michel Laub.

Oficina de Criação Literária : Michel Laub vai ministrar uma oficina para aqueles que tem interesse em desenvolver ou aprimorar o fazer literário. Por meio de leituras, bate-papo e produção escrita, os participantes terão a oportunidade de aprender e de trocar ideias com um autor consagrados, bem como conhecer técnicas e teorias relacionadas à arte de

Local : Biblioteca Municipal de Penápolis
Endereço : Rua Irmãos Chrisóstomo  de Oliveira 333 - Centro
Horario : 09 às 13 h



Biografia:

Michel Laub nasceu em Porto Alegre, em 1973. Escritor e jornalista, foi editor-chefe da revista Bravo e coordenador de internet do Instituto Moreira Salles. Hoje é professor de criação literária (Academia Internacional de Cinema, B_Arco, Sesc) e colaborador de diversos veículos e editoras. Publicou quatro romances, todos pela Companhia das Letras: Música Anterior (2001); Longe da água (2004), lançado também na Argentina; O segundo tempo (2006) e O gato diz adeus (2009). Recebeu o prêmio Erico Verissimo/Revelação, da União Brasileira dos Escritores, as bolsas Vitae e Funarte e foi finalista dos prêmios Jabuti, Portugal Telecom (duas vezes), Fato Literário/RBS e Zaffari/Bourbon. Teve textos publicados na Itália e na Coreia.





sexta-feira, 5 de novembro de 2010

       MONTEIRO LOBATO É A BOLA DA VEZ




Polêmica de racismo ronda livro de Monteiro Lobato

Especialistas levantarama questão e MEC foi analisar se a obra 'Caçadas de Pedrinho' pode ser proibida de ser usada em escolas.
Citações à personagem Tia Anastácia no livro 'Caçadas de Pedrinho', de Monteiro Lobato, foram consideradas racistas por especialistas. O Ministério da Educação estuda a proibição da obras nas escolas. A professora aposentada da Unicamp, Marisa Lajolo, é contra a advertência sobre o racismo do livro. Já Francisco Cordão, da CNE, diz que as escolas devem trabalhar o assunto.

Acesse o site do programa Entre Aspas da Globonews para ver a discussão sobre a questão. http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1628408-17665-309,00.html#

A fala da Professora Marisa Lajolo é muito interessante ,principalmente destaco: o texto do escritor Antonio Candido de 1972 e quando diz - Vamos discutir o racismo sem usar como pretexto uma obra do Monteiro Lobato, vamos discutir o racismo numa pespectiva  mais global......


Texto do Augusto Nunes do seu blog da Veja.

29/10/2010
às 21:27 \ Direto ao Ponto

A jequice da Era da Mediocridade não deixou escapar nem o criador do Jeca Tatu
O Brasil conseguiu ficar mais jeca, resumiu o título do post publicado em setembro de 2009 e reproduzido na seção Vale Reprise. Depois de descrever a inverossímil quermesse patriótica montada para celebrar a fantasia do pré-sal, que chegou ao climax com a Proclamação da Segunda Independência pelo presidente Lula, o texto reitera nas três últimas linhas que os brasileiros ainda providos de lucidez continuavam a enxergar as coisas como as coisas são: “Sem parentesco com o país que o governo inventou, o Brasil real não mudou. Só conseguiu tornar-se ainda mais metido a esperto, mais grosseiro, mais caipira, mais jeca. Toda nação acaba ficando parecida com quem a governa”.
Ficou mais parecida ainda nesta semana, informa o parecer do Conselho Nacional de Educação publicado no Diário Oficial da União de quinta-feira. Segundo a entidade, o livro “Caçadas de Pedrinho”, do escritor Monteiro Lobato, é perigoso demais para cair nas mãos dos alunos de escolas públicas. Em que pecado teria incorrido o pai de personagens ─ Emília, Narizinho, Dona Benta, Visconde de Sabugosa, Tia Nastácia, o próprio Pedrinho ─ eternizados no imaginário de milhões de crianças brasileiras? Que crime teria cometido o admirável contador de histórias que inoculou em incontáveis gerações o amor à leitura?
Monteiro Lobato é racista, acaba de descobrir Nilma Lino Gomes, professora da Universidade Federal de Minas Gerais, que redigiu o documento endossado pelos demais conselheiros. No livro publicado em 1933, ela identificou vários trechos grávidos de preconceito, sobretudo os que envolvem Tia Nastácia, macacos e urubus. “Estes fazem menção revestida de estereotipia ao negro e ao universo africano”, explica a vigilante conselheira. Num deles, “Tia Nastácia é chamada de negra”. Noutro, trepa numa árvore “com a agilidade de um macaco”. Solidários com o obscurantismo dos conselheiros, os companheiros da Secretaria de Alfabetização e Diversidade do MEC já resolveram que “a obra só deve ser usada quando o professor tiver a compreensão dos processos históricos que geram o racismo no Brasil”.
Quem não compreende coisa nenhuma é o bando de ineptos alojado nas siglas que vão colocando em frangalhos o sistema de ensino. Quem precisa tratar processos históricos com menos ligeireza são os cretinos fundamentais que ousam censurar a obra de um escritor genial. Só burocratas idiotizados pelo politicamente correto tentam aprisionar nos porões criaturas que excitaram a imaginação de milhões de pequenos brasileiros.
Ironicamente, um dos filhos literários de Monteiro Lobato é o Jeca Tatu. Nasceu para ensinar que o Brasil só conheceria a civilização se erradicasse o atraso crônico, as doenças da miséria, o primitivismo cultural ─ a jequice, enfim. No Brasil do presidente que não lê, não sabe escrever e celebra a ignorância, o caipira minado pelo amarelão, que fala errado e se imagina esperto, virou modelo a imitar. Ser jeca está na moda, rende votos, aumenta a popularidade. Pode até garantir o emprego de conselheiro nacional de educação.

AUGUSTO NUNES



Sobrou para a Emília


sáb , 30/10/2010 - Texto de Guilherme Fiúza no Blog http://colunas.epoca.globo.com/guilhermefiuza/2010/10/30/sobrou-para-a-emilia/

A História do Brasil está sendo corrigida aos poucos. A república sindical está se encarregando de reescrever os mal-entendidos anteriores à chegada do messias do ABC.
Finalmente o país começa a conhecer sua verdadeira realidade – aquela que cabe nas cartilhas do PT, e pode ser recitada com orgulho pela militância. É a revolução cultural dos companheiros.
Há 20 anos, o jornal “O Planeta Diário” estampava a manchete profética: “Lula quer fazer reforma agrária no Sítio do Picapau Amarelo”.
O dia chegou. Com a bravura revolucionária de um Stédile, o Conselho Nacional de Educação invadiu o famoso sítio de Monteiro Lobato, disposto a acabar com aquele blábláblá literário improdutivo de direita.
O primeiro tiro atingiu em cheio as “Caçadas de Pedrinho”, uma obra tipicamente burguesa que não cabe nas cartilhas petistas. Os conselheiros de Lula entraram decididos a fazer o resgate social de Tia Nastácia – a negra confinada na cozinha por Dona Benta, agente da elite branca.
Com a decisão do Conselho Nacional de Educação de proibir “Caçadas de Pedrinho” nas escolas, a desigualdade social recebe um duro golpe.
A medida deverá ter conseqüências importantes, como evitar que os netos e bisnetos de Tia Nastácia se tornem favelados, à margem da sociedade de consumo. O passo seguinte talvez seja processar Monteiro Lobato por racismo.
Esta será uma medida de execução mais complexa, considerando-se a dificuldade de localizar o dono do Sítio. A esta altura, ele deve estar foragido.
Mas isso é uma questão de tempo. Não há informação que resista aos arapongas da inteligência do PT.
Todo mundo sabe que Monteiro Lobato é o pai de Emília, a boneca falante. Com um interrogatório bem feito, a bonequinha acaba entregando o paradeiro do pai, esse latifundiário racista.
Parabéns ao Conselho Nacional de Educação. E atenção, conselheiros: há outras obras perigosas nesse sítio, como “Reinações de Narizinho” e “A reforma da natureza”. Destruam tudo enquanto é tempo. No Brasil de Lula e Dilma não pode haver mais espaço para esses atentados contra o povo, disfarçados de literatura infanto-juvenil.
Deixem as escolas ensinarem a história do filho do Brasil, a obra-prima do novo Descobrimento. O resto é ideologia burguesa.

Guilherme Fiuza


Guilherme Fiuza é jornalista e autor de vários livros, entre eles “Meu Nome não é Johnny”, adaptado para o cinema. Neste blog, trata de grandes temas da atualidade, com informação e muita opinião principalmente sobre política.




Biografia, obras e estilo literário

Contista, ensaísta e tradutor, este grande nome da literatura brasileira nasceu na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, no ano de 1882. Formado em Direito, atuou como promotor público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô. Diante de um novo estilo de vida, Lobato passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas, sendo que, posteriormente, reuniu uma série deles em Urupês, obra prima deste famoso escritor.
Em uma época em que os livros brasileiros eram editados em Paris ou Lisboa, Monteiro Lobato tornou-se também editor, passando a editar livros também no Brasil. Com isso, ele implantou uma série de renovações nos livros didáticos e infantis.
Este notável escritor é bastante conhecido entre as crianças, pois se dedicou a um estilo de escrita com linguagem simples onde realidade e fantasia estão lado a lado. Pode-se dizer que ele foi o precursor da literatura infantil no Brasil.
Suas personagens mais conhecidas são: Emília, uma boneca de pano com sentimento e idéias independentes; Pedrinho, personagem que o autor se identifica quando criança; Visconde de Sabugosa, a sabia espiga de milho que tem atitudes de adulto, Cuca, vilã que aterroriza a todos do sítio, Saci Pererê e outras personagens que fazem parte da inesquecível obra: O Sítio do Pica-Pau Amarelo, que até hoje encanta muitas crianças e adultos.
Escreveu ainda outras incríveis obras infantis, como: A Menina do Nariz Arrebitado, O Saci, Fábulas do Marquês de Rabicó, Aventuras do Príncipe, Noivado de Narizinho, O Pó de Pirlimpimpim, Reinações de Narizinho, As Caçadas de Pedrinho, Emília no País da Gramática, Memórias da Emília, O Poço do Visconde, O Pica-Pau Amarelo e A Chave do Tamanho.
Fora os livros infantis, este escritor brasileiro escreveu outras obras literárias, tais como: O Choque das Raças, Urupês, A Barca de Gleyre e o Escândalo do Petróleo. Neste último livro, demonstra todo seu nacionalismo, posicionando-se totalmente favorável a exploração do petróleo apenas por empresas brasileiras.
No ano de 1948, o Brasil perdeu este grande talento que tanto contribuiu com o desenvolvimento de nossa literatura.